Nem lembranças.
Só o vulto de alguém
que nunca esteve inteiro,
que passou pelo mundo
sem deixar pegadas —
nem poesia.
com medo de ser notado,
com medo de ser.
Um rosto sem nome.
Sem memórias.
Um rosto inexpressivo.
Ausente até no próprio fim.
Se esconde atrás da cortina,
atrás da própria sombra,
como se o mundo fosse um grito
e ele, só o eco. Eco. Eco.
Vive encolhido em si mesmo,
num casulo que não cria asa,
num medo que já virou morada.
Não é silêncio — É omissão.
Não é paz — É fuga.
E o que sobra dele?
Quase nada.