Fidelidade não grita.
Não exige testemunhas.
Ela acontece
quando o mundo vira as costas
e mesmo assim
alguém permanece.
Fidelidade não foge. Não emudece.
Rute não ficou porque era fácil.
Ela ficou porque havia algo, mais fundo que o medo,
Mais forte que a dor. Ficou foi por amor.
Ela viu o vazio nos olhos de Noemi e não recuou.
Era sua sogra, velha e quase sem serventia e nenhuma esperança.
Fez da dor alheia, a sua dor.
Não prometeu riquezas, pois não tinha.
Não buscou recompensas.
Apenas disse: Eu vou com você.
E foi. Sem aceitar opinião contraria.
Fidelidade é passo dado sem garantia,
Um sim dito na escuridão, um vínculo escolhido
Quando todos aconselha a partir. Ela ficou.
Nos campos de espigas, ela colheu o sustento do dia
e semeou a eternidade, com pequenos gestos.
Não era seu povo. Não era sua fé.
Mas ela tornou-se parte, não pelo sangue,
Mas pela entrega. Pela certeza do caminho.
Rute é fidelidade em carne e alma.
Não por obrigação, mas por decisão.
Ela é alicerce, é raiz que segura o chão, quando tudo treme.
É a filha que virou mãe e protegeu.
E por isso,
foi lembrada.
Não como rainha,
mas como alicerce.
Estrela que muito brilha e não vacila,
E, jamais abandona.